segunda-feira, 1 de junho de 2009

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades


Morrerá a olaria portuguesa? É claro que não! Pode aplicar-se à olaria a lei de Lavoisier, "nada se perde, tudo se transforma". Ao longo dos séculos a olaria, como todas as artes, foi-se adaptando às exigências do Homem, respondendo às suas necessidades. A olaria portuguesa, nos tempos que hão-de vir, será isso mesmo – aquilo que o homem dela pretenda fazer.

De barro se faz memória


Desaparecido que foi o mundo rural que necessitava das peças de olaria para o seu uso quotidiano, desapareceu também a necessidade de os oleiros continuarem a fazer as vasilhas.

A olaria de antigamente é memória das comunidades que nos antecederam, dos seus usos e dos seus costumes, do seu gosto estético. A olaria de antigamente é património nosso, é a nossa memória.

Olaria portuguesa e os seus usos


Quando nos é dado observar uma peça de barro começamos por admirar a beleza da forma, mas, é também importante que tentemos saber como foi feita e para que serviu. Por detrás de uma peça de olaria está o oleiro que a fez e o homem que a usou.

A Olaria Portuguesa através dos Tempos


"Talvez o encanto da olaria seja derivado da magia da sua criação. O sabermos ter sido, numa fase de gestação, matéria dúctil que facilmente obedece ao tacto das mãos, que se pode modelar e voltar a modelar, e que, pela acção do fogo se transforma em matéria consistente, imutável, mas, simultaneamente, frágil e quebradiça.

Talvez o encanto da olaria seja sensorial. Uma bela peça de barro, como uma bela peça de escultura, convida-nos a senti-la, a passar sobre ela as mãos, sentindo o seu peso, a sua ondulação, a rugosidade ou a maciez da sua superfície.

Talvez o encanto da olaria seja derivado da beleza das formas que possui, originadas nos gestos de muitos homens, nos usos de outros tantos, que foram apurando as formas, que foram afeiçoando o imperfeito até transformar as peças em autênticas obras-primas.

Os utensílios de barro têm acompanhado o homem quase desde a sua origem. Os primeiros recipientes de barro seriam simplesmente modelados e secos ao sol. O homem não tinha ainda descoberto as virtudes da cozedura das peças. Quando no fogo em que coze os alimentos e aquece o corpo o homem encontrou o modo de transformar o barro dúctil em matéria consistente e resistente, a humanidade avançou um pouco mais."